Cuidados Gerais ao Doente (CGD)

      
   Através das pegas o fisioterapeuta é capaz de ajudar o utente a levantar, sentar, ajustar a postura no conjunto postural sentado, transferir o utente, etc. É necessário ter em conta o grau de dependência do utente na escolha da pega. O seguinte esquema ilustra os diferentes tipos de pega e o grau de dependência do utente:


Caso que o fisioterapeuta queira melhorar a postura do utente então pode utilizar a pega do antebraço ou pega axilar.
Por vezes, torna-se necessário transportar os utentes e, tal como foi referido anteriormente, a escolha do tipo de transporte depende do grau de dependência e da patologia que o utente apresente.

Tipos de transportes:

·   Transporte com 3 ou 4 transportadores:  o primeiro transportador suporta a base do occipital e as omoplatas, o segundo transportador suporta a região pélvica, o terceiro transportador suporta o 1/3 médio da coxa e 1/3 médio da perna e se houver quarto transportador este suporta apenas a região cervical.

·      Transporte tipo Australiano: este tipo de transporte é mais adequado para subir escadas ou quando é necessário realizar longos percursos. O utente encontra-se no conjunto postural sentado. O primeiro transportador suporta o 1/3 distal da coxa e a ragião lombar. O segundo transportador (no lado oposto ao primeiro transportador) suporta o 1/3 distal da coxa e região lombar.

·         Transporte tipo cadeirinha:
·      Espaldar: o primeiro e o segundo transportador suportam o 1/3 distal das coxas e a região torácica porém, o segundo transportador encontra-se no lado oposto ao primeiro transportador.

·  Braços: o primeiro e o segundo transportador suportam o 1/3 distal das coxas e a o ombro do lado de cada transportador porém, o segundo transportador encontra-se no lado oposto ao primeiro transportador.

·  Banco: Ambos os transportadores “agarram” os antebraços um do outro formando um banco. Este tipo de transporte não é muito utilizado.


·    Transporte  com 1 transportador: O fisioterapeuta tranca os joelhos do utente deverá pedir que se inclina para a frente. Este coloca a cabeça no ombro contralateral do fisioterapeuta (no sentido do transporte para permitir que o fisioterapeuta tenha visibilidade). É realizado a pega pélvica para finalizar o transporte. A cadeira para a qual o utente vai ser transportado deverá estar num ângulo aproximadamente 45º.

Nota: o chefe de equipa deverá informar os restantes transportadores qual o trajeto a realizar (com uma marcha lateral sincronizada) e o destino. Os fisioterapeutas deverão ter alturas semelhantes.

Cadeira de rodas

O tipo de cadeira de rodas e os seus acessórios vai depender do tipo de utente que a vai utilizar.
Existem vários fatores que determinam a o tipo de cadeira de rodas adequada para cada utente sendo eles, o tamanho do utente (criança, adolescente ou adulto), a incapacidade (paraplégico, tetraplégico, amputado, hemiplégico), local de uso (interior ou exteriormente), condução (manual, elétrica), tipo de pneus (normais, pneumáticos), braços da cadeira de rodas (fixos, desmontáveis, plástico, madeira, com proteção metálica) e pedais (fixos ou desmontáveis, peça única, individuais, ajustáveis na altura).


Componentes da cadeira de rodas:

·    Rodas grandes:  estas têm aproximadamente 60 cm de diâmetro e podem ser colocadas à frente para garantir que a cadeira tenha maior estabilidade ou atrás para facilitar as transferências. Os raios podem apresentar ou não uma proteção para que os doentes paréticos não se lesionam frequentemente nos membros superiores.

·    Rodas pequenas: têm cerca de 20 cm de diâmetro. A posição destas rodas depende das rodas grandes porém, se estas tiverem à frente torna-se mais fácil ultrapassar obstáculos.

·   Pedais: A sua altura deve estar ajustado para que haja uma correta distribuição do peso sobre os isquiotibiais e os glúteos. Devem de estar aproximadamente a 5 cm do chão. Se o utente for amputado este não necessita de pedais.

·      Descanso para pernas: Tem como objetivo apoiar a região posterior das pernas.

·     Braços: A posição dos braços da cadeira tem de garantir que o tronco esteja estabilizado. O utente deverá estar confortável e com os cotovelos em flexão.

·     Travão: Estes são colocados um em cada roda.

·    Assento: Deve ter as seguintes medidas: 5 cm mais largo (em cada lado) e 5 a 7 cm a menos em relação ao comprimento da coxa. O assento pode sofrer alterações conforme a necessidade do utente como, por exemplo, uma adaptação ao WC.

·        Encosto: Conforme a patologia do utente, o encosto pode acabar na região das omoplatas, metade da cabeça ou a cabeça completa (com o espaldar). O ângulo do encosto pode variar entre 30º a 90º.

·         Outros componentes:

     Pegas de preensão: Encontram-se posteriormente à cadeira e ajuda tanto na condução por outra pessoa como a passagem de obstáculos.

Cadeiras motorizadas: São movimentadas por bateria e são comandadas através do sopro, com a boca ou o mento e manualmente ao lado do membro superior.


Atividades na cadeira de rodas

A realização das atividade na cadeira de rodas deve ter em conta os seguintes fatores:
 ·     Idade;
 ·     Altura;
·     Peso;
·     Tipo de cadeira de rodas;
·     Força muscular;
·     Amplitude articular;
 ·     Presença ou não de equilíbrio;
 ·     Presença ou não de espasticidade.

1. Puxar o doente para adiante: Antes de realizar qualquer atividade na cadeira de rodas é obrigatório travar a cadeira. O fisioterapeuta posiciona-se anteriormente ao utente com um pé no pedal e segura a região posterior das pernas do utente. O utente terá de destacar o tronco do encosto da cadeira. É realizado este exercício para aumentar a estabilidade do tronco.

2. Treino de equilíbrio: Estes tipos de exercícios são fundamentais para utente para que seja facilitado a realização das atividades da vida diária (calçar, vestir, realizar transferências).  O fisioterapeuta  encontra-se anteriormente ao utente. Este deve estar com as omoplatas deprimidas a aduzidas para criar maior estabilidade. Os pés do utente encontra-se nos pedais e o tronco destacado do encosto da cadeira. Mais uma vez é importante referir que a cadeira de rodas deverá estar sempre travada.  O utente deverá segura-se o braço direito ou esquerdo da cadeira e transferir o seu peso para o mesmo lado e com o membro superior contra-lateral realizar flexão e/ou abdução a 90º ou 180º do ombro. Como progressão o utente pode realizar a flexão e/ ou abdução com os dois membros superiores a 90º e posteriormente, a 180º. É fundamental o fisioterapeuta avaliar o estado do utente. Caso que este consiga realizar estas atividades sem dificuldade, o fisioterapeuta pode acelerar a velocidade dos exercícios, aumentar o grau de flexão do tronco, provocar desequilíbrios, etc.


3. Push-up: Este tipo de exercício é fundamental para utentes que não têm força ao nível dos membros superiores e pouco equilíbrio do tronco. Para além da cadeira de rodas estar travada, tem de estar encostada à parede para que a cadeira não escape. Os pés do utente estão apoiados no chão para que a cadeira não vire e o fisioterapeuta encontra-se anteriormente ao utente. A posição inicial do utente é a segurar o braços da cadeira com os cotovelos em flexão. É pedido ao utente que realize a extensão  do cotovelo.  E a região glútea tem de se destacar. Como progressão pode-se aumentar o número de séries e repetições e o tempo de contração.

4. Cruzar as pernas: Este exercício ajuda o utente a conseguir calçar-se autonomamente. O o fisioterapeuta encontra-se anteriormente ao utente com a cadeira de rodas travada. O utente pode apoiar-se no braço direito da cadeira e o braço esquerdo agarra a perna direita e coloca-a em cima da esquerda.

5. Transferências para o colchão elevado, cama, etc.: As transferências podem ser realizados de duas formas:

·         De frente para o colchão elevado: Primeiro o utente coloca os membros inferiores no colchão elevado ( um de cada vez). Apenas os calcanhares devem estar apoiados no colchão.  Destrava a cadeira de rodas. o utente tenta chegar com a cadeira de rodas o mais próximo possível do colchão elevado. De seguida trava a cadeira e realiza push-ups e transferências de peso para passar para o colchão elevado;

·         Com ângulo em relação ao colchão elevado (passagem da cadeira de rodas para o colchão): a cadeira de rodas deve estar o mais encostado possível ao colhão elevado para facilitar as transferências. Deve.se verificar se a cadeira de rodas está travada e o braço da cadeira do lado da transferência deve ser retirada. A mão oposta do lado da transferência  deve estar agarrada ao braço da cadeira de rodas enquanto que a mão do lado da transferência deve estar apoiado no colhão ou na tábua de transferências (caso seja necessário a sua utilização). Realiza-se push-ups para realizar a transferência.

6. Atividades específicas:

·       Passagem da cadeira de rodas por uma porta: O utente terá duas formas de passar por uma porta e depende para que lado é que a porta abre. Se esta abre para o lado do utente, este vai de frente. Se a porta abre para o lado contrário do utente então, vai de costas;

·         Ultrapassar obstáculos ou subir passeios: realiza-se “cavalinhos”;

·   Subir rampas: O fisioterapeuta empurra a cadeira com ajuda das pegas de preensão (encontra-se posteriormente ao utente);

·         Descer rampas: O fisioterapeuta com ajuda das pegas de preensão impede que a cadeira desça rapidamente a rampa. (realiza um pequeno cavalinho para que o utente não caia para a frente e também pode pedir ao utente que tente empurrar o encosto com o seu tronco).

Barras Paralelas

Normalmente as barras podem ser ajustadas à altura (ao nível do grande trocânter e o utente deve estar com  os cotovelos ligeiramente fletidos) do utente. Podem ser de madeira ou metal e fixas ou móveis. São fundamentais para o utente realizar a marcha e transferências de peso. O fisioterapeuta deve informar ao utente que este deve empurrar as barras em vez que puxar pois como progressão o utente irá realizar a marcha com auxiliares de marchas.

Atividades nas Barras paralelas

·         Levantar da cadeira de rodas: a cadeira de rodas deve estar o mais próximo das barras paralelas. O utente deve se agarra às barras e com a força dos membros superiores este levanta-se da cadeira. O fisioterapeuta está com o seu pé na planta do pé do utente para impedir que este escorregue.
·         Pode ser realizado o treino de marcha, transferências de peso, push-ups, etc.

Auxiliares de marcha:

A eleição do tipo de auxiliar depende da patologia que o utente apresenta e o seu grau de dependência. Através da marcha o fisioterapeuta consegue avaliar quais os grupos musculares que têm de ser trabalhados e a respetiva fase da marcha. Todos os auxiliares de marcha devem ser ajustáveis pois cada utente é único.  Têm como objetivo retirar a total ou parcialmente a carga do membro lesado e dar estabilidade durante a marcha.
·         
     Muletas axilares: o ajuste das muletas é fundamental para que o utente consiga realizar a marcha com uma postura correta. Se estas tiverem demasiado compridas, os ombros do utente elevam-se e este não irá conseguir realizar a marcha. Caso a muleta esteja muito curto, o utente tem tendência para inclinar-se anteriormente, provocando uma postura incorreta. Medição (decúbito dorsal ou em pé): A ponteira da muleta deve estar cerca 10 a 15 cm (20 a 25 para maior apoio) fora da “biqueira” do sapato, como o cotovelo em ligeira flexão, a pega de preensão deve-se localizar no grande trocânter e o apoia axilar deve ter uma folga cerca de 2-3 dedos para que não haja compressão de nervos ao nível do membro superior.
·        
     Canadianas: Este tipo de auxiliar é feito de alumínio cromado e pode ter uma braçadeira de apoio aberta e fixa ou fechada e articulada.   Medição: referido anteriormente.
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    Canadianas para artríticos: Não apresente braço de apoio porém tem para o antebraço que pode ajustado quanto ao comprimento e inclinação. A pega de preensão está no apoio do antebraço.
·      
       Bengala: Pode ser de madeira ou metal. Medição: referido anteriormente. A região côncava da pega de preensão deve estar voltada para o utente.
·       
      Tripé/ Quadripé: Dependo do tipo de auxiliar este pode ter três ponteiros (tripé) ou quatro ponteiros (quadripé). Medição: referido anteriormente. Em relação à concavidade este deve estar na mesma posição referida anteriormente. Por norma os utentes hemiplégicos utilizam este tipo de auxiliar.
·       
     Andarilho: A base de sustentação é regularmente quadrangular porém, pode ser triangular. Este tipo de auxiliar pode ser constituído apenas com ponteiros de borracha ou rodas ou com ambos. O andarilho pode ser fixo, articulado e até pode ser adaptado para artríticos. Medição: referido anteriormente.

Tipos de marcha:

·     Marcha 4 pontos:  Caso que o utente apresente insegurança este é o tipo de marcha adequado. É caracterizado por ser lento.
      1º passo: canadiana direita; 
      2º passo: membro inferior esquerdo; 
      3º passo: canadiana esquerda; 
      4º passo: membro inferior direito.

·         Marcha 2 pontos: Se o utente realizar a marcha a 4 pontos sem qualquer problema então, pode passar para esta marcha sendo que, é mais rápida. 
    1º passo: canadiana direita/ 2º passo: membro inferior esquerdo (o 1º e o 2º passo são realizados simultaneamente); 
    3º passo: canadiana esquerda/ 4º passo: membro inferior direito (o 3º e o 4º passo são realizados simultaneamente).

·     Marcha arrastada: Dado que os pés do utente não perdem o contacto com o chão esta marcha torna-se segura. 
     1º passo: canadiana direita; 
     2º passo: canadiana esquerda; 
     3º passo: arrastar os membro inferiores.

·      Marcha arrastada simultânea: 
     1º passo: canadiana direita e esquerda; 
     2º passo: arrastar os membro inferiores.
·         
    Marcha semi-pendular: O utente só deve realizar esta marcha caso este apresente um bom equilíbrio
     1º passo: canadiana direita e esquerda; 
     2º passo: realizar um pequeno salto até as canadianas.

·       Marcha pendular: Para além do equilíbrio o utente necessita de força e coordenação pois é uma marcha mais rápida que a anterior. 
     1º passo: canadiana direita e esquerda; 
     2º passo: realizar um pequeno salto para além das canadianas.

·     Marcha 3 pontos: Se o utente não consegue realizar carga no membro inferior lesado então este tipo de marcha é o mais adequado. 
     1º passo: canadiana direita, esquerda e o membro inferior lesado; 
     2º passo: membro inferior não lesado.

·         Marcha 3 pontos modificada: 
    1º passo: canadiana direita e esquerda; 
    2º passo: membro inferior lesado; 
    3º passo: membro inferior não lesado.

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